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  • Foto do escritor: Bruno Alves Pinto
    Bruno Alves Pinto
  • 15 de out
  • 2 min de leitura

Atualizado: 16 de out


Nebulosas Narcisa Amália


Texto Original Completo (em domínio público)

Primeira Parte

Linda


Sua beleza irradia pequenas chamas de fogo, Animadas por um espírito nobre e gracioso, Que é o criador de todo pensamento virtuoso.

Mary Rossetti

Vem, tímida criança, Rosada, loura e mansa, Qual chama matutina De tíbio resplendor; Vem, quero a tez rubente Da face transparente, E a boca peregrina, Beijar-te com fervor!

Teus macios cabelos, Ondulosos, finos, belos, Em áurea e doce teia Enlaçam-me o olhar; Da primavera os lumes Em lúcidos cardumes, No anel que solto ondeia Vão ternos cintilar!

Teu colo alvinitente Se encurva levemente, Qual pende na ribeira O lótus de cetim; Se a lua além se inflama De vaga e breve chama, Resvalas mais ligeira Na relva do jardim!

Escuta: à beira d’água A flor vinga entre a frágua, E a tela delicada Se tinge à luz do sol; O mágico perfume Que o cálice resume, A pétala nacarada, Inveja-lhe o arrebol.

Mas vem da turva enchente A férvida torrente, Em turbilhão raivoso Ao longe a rouquejar, E a rubra flor da margem — Pendida na voragem, No pego tenebroso Fanada vai rolar!

Ai! zela, ó rosa pura, Tua formosura, Que o lábio mercenário Do mundo não manchou; Sê como a sensitiva Que se retrai esquiva, Se o vento louco e vário As folhas lhe osculou.

Porém, essa beleza Que deu-te a natureza, Desmaiará um dia Aos gelos invernais; E, uma vez perdida Nos vendavais da vida, À flux da fantasia Não surgirá jamais!

Oh! zela mais ainda A flor celeste e linda De tua alma de virgem, — Teu primitivo amor! Da divinal bondade A meiga potestade Se acolhe da vertigem Nas mãos do Criador!

Atende: a mão mimosa Dirige pressurosa Ao pobre, agonizante, À sombra do hospital! Ao triste encarcerado, Do olhar do sol privado, Abranda um só instante O agror da lei fatal!...

Prosegue, etérea lira, Nas cordas de safira As harmonias cérulas Dos risos infantis! E ao desgraçado em prantos Dá mil colares santos, Não de mundanas pérolas, Mas de lágrimas gentis!...




 
 
 

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