- Bruno Alves Pinto

- 15 de out.
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Atualizado: 16 de out.
Nebulosas Narcisa Amália
Texto Original Completo (em domínio público)
Primeira Parte
Saudades
Meus funerários gemidos Vão legando à imensidade Um vasto arcano — a tristeza. Um canto eterno — a saudade…
Carlos Ferreira
Tenho saudades dos formosos lares Onde passei minha feliz infância; Dos vales de dulcíssima fragrância; Da fresca sombra dos gentis palmares.
Minha plaga querida! Ainda me lembro Quando, através das névoas do ocidente, O sol nos acenava adeus langüente Nas balsâmicas tardes de setembro;
Lançava-me correndo na avenida Que a laranjeira enchia de perfumes! Como escutava trêmula os queixumes Das auras na lagoa adormecida!
Eu era de meu pai, pobre poeta, O astro que o porvir lhe iluminava; De minha mãe, que louca me adorava, Era na vida a rosa predileta!...
Mas... ... tudo se acabou. A trilha olente Não mais percorrerei desses caminhos... Não mais verei os míseros anjinhos Que aqueciam na minha a mão algente!
Correi, ó minhas lágrimas sentidas, Do passado no rórido sudário; Bem longe está o cimo do Calvário E já as plantas sinto tão feridas!...
Ai! que seria do mortal aflito Que tomba exangue à provação cruenta, Se no marco da estrada poeirenta Não divisasse os gozos do infinito?!...
Abrem-me n’alma as dores da saudade Um sulco de profundas agonias... Morreram-me pra sempre as alegrias... Só me resta um consolo... a eternidade!
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