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  • Foto do escritor: Bruno Alves Pinto
    Bruno Alves Pinto
  • 11 de out.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 13 de out.


Opúsculo Humanitário - Nísia Floresta

Texto Original Completo - Domínio Público

II


O Egito, com as suas maravilhosas pirâmides e todos os admiráveis monumentos com que o enriqueceram os Faraós, os Ptolomeus e o seu mais famigerado conquistador Sésóstris, cujas proezas encheram seu século de assombro e os povos de terror, imitou, com o resto da África, toda a Ásia na apreciação da mulher. Também o Egito jazeu sempre submergido, apesar da profunda sabedoria de seus sacerdotes, em completa ignorância a respeito da educação que convém à mulher. Seus hieróglifos, suas curiosas múmias e todos os fragmentos de sua admirável e extinta grandeza e conhecimentos, que os sábios arqueólogos modernos com tanta perseverança estudam, não revelam que a inteligência da mulher fosse ali devidamente cultivada.

A beleza física, entre esses povos, era o único mérito real da mulher; e ainda assim, aquela que a possuía entrava em concorrência com outras e devorava depois, como nos tempos presentes, torturantes amarguras no fundo dos serralhos e dos haréns! Essa nobre porção da humanidade ainda é hoje, para opróbrio daqueles povos, sujeita à aviltante lei da poligamia!

Os Ciros, os Nabucodonosores, os Xerxes, os Alexandres, os Dários etc., que tiveram o poder de assolar e subjugar com seus numerosos exércitos tantas nações diversas, não compreendiam, em seu furor de conquista, que, conservando no embrutecimento o sexo que os alimentara, privavam-se de maior glória do que a que lhes davam suas armas!

Na Pérsia, a sabedoria dos Magos; na Índia, os princípios contidos nos Vedas e explicados por Dyaimine, e depois por Vyasa, da 2ª escola Mimansa ou filosofia Vedanta; os Profetas mesmos, anunciando por toda parte aos homens a palavra de Deus, nada fizeram para melhorar a condição da mulher.

Enquanto estes últimos exortavam os reis e os povos a armarem-se para castigar outros reis e outros povos, ou lhes predissem a destruição dos impérios a fim de abater-lhes o orgulho, olvidavam que a sabedoria do Eterno, na última de suas criações, quando formou a admirável máquina do universo harmonizando todas as suas partes entre si, deu ao par ditoso, que devia ser o tronco do gênero humano, o mesmo sentir, a mesma inteligência, as mesmas prerrogativas.

O homem, ainda semisselvagem, arrogou a si a preeminência da força física; e tudo lhe foi submetido: a moral, assim como a inteligência da mulher, que ele quis permanecesse sempre inculta, para que mais facilmente desempenhasse a humilhante missão a que a destinava.




 
 
 

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