- Bruno Alves Pinto

- 11 de out.
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Atualizado: 13 de out.
Opúsculo Humanitário - Nísia Floresta
Texto Original Completo - Domínio Público
I
Enquanto pelo velho e novo mundo vai ressoando o brado de emancipação da mulher, nossa débil voz se levanta, na capital do Império de Santa Cruz, clamando: educai as mulheres!
Povos do Brasil, que vos dizeis civilizados — governo, que vos dizeis liberal! Onde está a doação mais importante dessa civilização, desse liberalismo?
Em todos os tempos e em todas as nações do mundo, a educação da mulher foi sempre um dos mais salientes caracteres da civilização dos povos.
Na Ásia, esse berço maravilhoso do gênero humano e da filosofia, a mulher foi sempre considerada como um instrumento do prazer material do homem ou como sua mais submissa escrava; assim, os seus povos, mesmo aqueles que atingiram o mais alto grau de glória, tais como os babilônios, ostentando aos olhos das antigas gerações suas admiráveis muralhas, seus suspensos e soberbos jardins, suas colunatas de pórfiro, seus templos de jaspe, com zimbórios de pedras preciosas elevando-se às nuvens — obras que até hoje não têm podido ser imitadas —, esses povos tão poderosos, dizemos, permaneceram sempre em profunda ignorância dessa civilização, que só podia ser transmitida ao mundo pela emancipação da mulher, não conforme o filosofismo dos socialistas, mas como a compreendeu a sabedoria divina, elevando até si a mulher, quando encarnou em seu seio o Redentor do mundo.
As Déboras, as Semíramis, as Judites se mostraram em vão, atestando aquela a graça de que a tocara Deus, permitindo-lhe revelar aos homens alguns de seus mistérios; estas, uma razão esclarecida, uma coragem rara, que provavam já então não ser a mulher somente destinada a guardar os rebanhos, preparar a comida e dar à luz a sua posteridade.
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