- Bruno Alves Pinto

- 21 de out.
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Primeira Parte
Voto
O poema é um voto filial dirigido à mãe, moldado como uma sequência de bênçãos e desejos de ventura. Após a epígrafe de Álvares de Azevedo, que convoca os “pobres cantos” a consolarem a mãe num “dia festivo” paradoxalmente marcado por lágrimas, a voz lírica invoca a natureza — a brisa que brinca nas palmeiras e a flor que se abre tranquila — para que leve à alma materna inspirações sagradas e delícias serenas. A poetisa contrapõe a vida “tranquila e leda” da flor ao ideal de maternidade amada pelos filhos, sinalizando a inveja benigna de quem contempla a pureza e a paz como modelos para o afeto doméstico.
Em tom de oração, o poema deseja que à mãe só caibam lágrimas “délias”, suaves e devotas, que os gozos a cerquem como sílfides de luz e que a ventura a enlace. Pede que os filhos, submissos e carinhosos, cubram o caminho materno de rosas e que os espinhos se curvem aos seus passos, imagem de proteção e reverência. O fecho explicita a natureza devocional do texto: a filha pobre eleva suas preces aos céus, confiante de que Deus acolhe o “incenso” delas, ainda que provenha de uma humilde “maravilha” branca — metáfora de pureza e simplicidade, que transforma o amor filial em oferenda aceitável.
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