- Bruno Alves Pinto

- 14 de out.
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IV
O texto sustenta que, embora as mulheres romanas exibissem virtudes heroicas, a sociedade romana — despótica e interessada em submissão — negou-lhes a educação adequada, mantendo metade da humanidade na ignorância justamente por temer inteligências que contestassem o poder.
Esse egoísmo aparece no dito de Catão, para quem tratar mulheres como iguais as tornaria dominadoras; a autora rebate insinuando que o próprio destino trágico de Catão em Útica talvez fosse outro se uma mãe religiosa e instruída lhe houvesse orientado a infância, canalizando melhor suas virtudes — nem mesmo a leitura de Platão, às vésperas do suicídio, o salvou.
Em seguida, Nísia argumenta que Roma se deu por quitada com o “sexo fraco” ao contrapor grandes nomes masculinos (Numa, Bruto, César, Cícero) a poucas figuras femininas exemplares (Lucrécia, Cornélia, Veturia), sem melhorar a condição geral das mulheres. Reinterpreta ainda a violência de Fúlvia contra Cícero como possível vingança de um sexo que sua eloquência não defendeu, gesto que obscurece as virtudes das matronas.
A autora conclui com perguntas retóricas: numa sociedade que educasse rigorosamente as mulheres, teriam surgido monstros morais como Messalina, Túlia e Agripina? A tese central: o progresso moral e político depende da instrução feminina desde a origem.
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