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  • Foto do escritor: Bruno Alves Pinto
    Bruno Alves Pinto
  • 11 de nov.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 21 de nov.


Resumo Por Capítulo: O Retrato de Dorian Gray


Prefácio


Assinado por Wilde, o texto apresenta uma série de aforismos em que o autor expõe uma espécie de “manifesto estético”. Ele começa afirmando que o artista é o criador de coisas belas e que a função da arte é revelar a própria arte e esconder o artista, ou seja, a obra deve falar por si, sem que a vida pessoal, a moral ou as intenções do autor sejam colocadas em primeiro plano. O crítico, por sua vez, é descrito como alguém que traduz em outra forma ou outro material a sua impressão diante da beleza; assim, tanto a crítica mais elevada quanto a mais baixa seriam formas de autobiografia, pois revelam muito mais sobre quem observa do que sobre a obra observada.

Em seguida, o texto discute a reação subjetiva diante da arte: quem encontra significados feios em coisas belas seria “corrupto sem ser encantador”, um tipo de olhar deformado; já aqueles que veem significados belos em coisas belas são chamados de cultos e apontados como os que têm esperança, pois conseguem reconhecer a beleza como tal. Para estes “eleitos”, as coisas belas significam apenas beleza, sem a necessidade de acrescentar julgamentos morais. Daí decorre uma afirmação central: não existem livros morais ou imorais, apenas bem ou mal escritos. A discussão sobre o gosto do século XIX pelo realismo e a aversão ao romantismo é sintetizada por meio da figura de Caliban, personagem monstruoso de Shakespeare: odiar o realismo seria como a fúria de Caliban ao ver o próprio rosto no espelho, enquanto odiar o romantismo seria a sua fúria por não se ver refletido — uma crítica irônica à forma como o público rejeita tanto o que o expõe demais quanto o que não o representa.

O prefácio desenvolve ainda a ideia de que a vida moral do homem pode ser matéria para a arte, mas que a moralidade da arte não reside em ensinar lições, e sim no uso perfeito de um meio imperfeito (a linguagem, a forma, a técnica). Nenhum verdadeiro artista deseja “provar” alguma coisa, mesmo porque até o que é verdadeiro pode ser demonstrado de muitas formas, e ter “simpatias éticas” — isto é, alinhar abertamente a arte a uma posição moral — é visto como um vício de estilo. O artista não é mórbido; ele pode expressar tudo, inclusive o vício e a virtude, que são apenas materiais para a arte, do mesmo modo que pensamento e linguagem são instrumentos. Em termos de forma, a arte musical é posta como modelo para todas as outras artes, pela sua abstração e pureza formal; em termos de sentimento, o trabalho do ator é tomado como tipo, por encarnar emoções de maneira direta.

Nos últimos aforismos, o autor reforça o caráter ambíguo da arte ao afirmar que toda arte é ao mesmo tempo superfície e símbolo: ela pode ser apreciada na aparência, mas também lida em profundidade, e quem tenta ir além ou interpretar o símbolo o faz “por sua conta e risco”, assumindo a responsabilidade pelas interpretações que projeta. A ideia de que “é o espectador, e não a vida, que a arte reflete” reforça que a obra funciona como espelho de quem a contempla, não como simples cópia do mundo. Por isso, a diversidade de opiniões sobre uma obra é sinal de que ela é nova, complexa e viva; quando os críticos divergem, significa que o artista permaneceu fiel a si mesmo. O texto conclui com um paradoxo famoso: só se pode perdoar uma ação útil se ela não for admirada, ao passo que a única desculpa para fazer algo inútil é admirá-lo intensamente. Assim, afirma-se que toda arte é “completamente inútil”, não no sentido de sem valor, mas no sentido de não ter função prática, moral ou didática: seu “fim” é apenas ser contemplada e amada como beleza, e justamente nisso reside sua dignidade.




 
 
 

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