Parte 1
O narrador filosofa sobre a origem de tudo o que existe e apresenta sua necessidade de escrever enquanto houver perguntas não respondidas. Questiona os conceitos de pensamento, sentimento, verdade e felicidade.
Ao mesmo tempo em que justifica sua forma de escrever e expõe suas intenções para com a obra, o narrador dá indícios do que se tratará sua história: baseada no “sentimento de perdição no rosto de uma moça nordestina”. Tal relato da vida de uma imigrante na cidade grande é para o autor uma obrigação sua, além de um direito.
O próprio autor se considera o principal personagem de seu livro e confidencia que pretende escrevê-lo de forma tradicional, com começo, meio e fim, ao contrário do que é seu hábito. Assume, no entanto, que entre as palavras explícitas haverá “segredos”, por mais que seus relatos pretendam ser “frios”. Ressalta ainda a simplicidade com que pretende se exprimir, que reflete a simplicidade da vida a ser retratada.
Sobre a moça nordestina, o narrador a declara uma personagem “reduzida a si mesma”, que vive por viver e nunca questionou “quem sou eu?”, comparando-a a uma cadela – que não tem consciência de ser cadela.
Ainda refletindo sobre seu papel de autor, que terá a tarefa transpor em palavras algo que parece já existir dentro de si, o narrador declara enxergar-se como a própria personagem em frente a um espelho. Para chegar este estado ele precisou isolar-se do mundo.