2 - Fabiano
A chuva veio, e junto dela o dono da fazenda, que expulsou Fabiano. Mas o homem ofereceu seu trabalho e ficou por lá como vaqueiro.
Estavam à procura de uma novilha perdida, Fabiano e Baleia, quando um dos filhos se aproximou e perguntou algo. Fabiano se incomodava com perguntas, não tinha o direito de saber nem o dever de responder. Falaria com Sinhá Vitória para tratar da educação das crianças, ela não tinha tempo para isso, cuidando da casa, mas os garotos atormentavam demais Fabiano.
Ele lembrou-se do Seu Tomás da bolandeira, um homem que lia muito, falava difícil, e não resistiu à seca, morreu. De que adiantava o conhecimento? Seu Tomás era educado, não mandava, pedia. Diferente dos homens normais e de seu patrão atual, que berrava por tudo, só para mostrar autoridade.
Sinhá Vitória queria uma cama como a de Seu Tomás, Fabiano achava doidice.
Fabiano olhava a caatinga e previa que a seca voltaria, o verde sumiria, ele precisaria apertar o cinto, encolhendo o estômago. Isso sempre acontecia com ele, e com o pai dele, e com o avô dele. Ele precisava resistir, ser duro. Ser homem. E quando morresse seus filhos deviam seguir o mesmo caminho. Era bom que aprendessem a ser duros como ele, para não morrerem fracos como Seu Tomás da bolandeira.