Capítulo 5
Chegando ao pinhal de Azambuja o autor surpreende-se: nada era como pensava. A vegetação era rala e ocupava pouco espaço, o que o atrapalharia na construção de seu livro.
Aproveita para elucidar o leitor de como são construídos os livros na época, denunciando a pobreza em sua “receita”: uma ou duas damas, um pai, dois ou três filhos, um criado velho, um vilão; em seguida utiliza-se um pouco do que há nas obras antigas e está pronto o livro. Argumenta que um romance feito de outra forma, mais detalhada e realística, daria muito trabalho de pesquisa, no que os escritores não teriam interesse.
Levanta hipóteses de como o pinhal teria ido embora dali, concluindo que ele estaria “consolidado”, num trocadilho com o termo financeiro usado nos orçamentos públicos.
Após a decepção, decide ir embora, montando sua mula que trotava “choitando” – palavra que não encontrei tradução expressa, mas entende-se algo como “chacoalhando”.
Com o choito da mula lembrou-se da figura excêntrica de um Marquês que gostava desse movimento violento, tanto que mesmo em Paris, onde o conheceu, abria mão do conforto de molas para “choitar” num veículo menos moderno, alegando que lhe achava “propriedades tonipurgativas” – mais uma palavra sem significado expresso em dicionários, mas que, por suas raízes, deve se relacionar a “tonificação intestinal”.