Romance XVIII ou Dos velhos do Tejuco
Cecília Meireles reflete sobre a transitoriedade da vida e das conquistas humanas. A figura central é Chica da Silva, uma ex-escrava que se tornou uma das mulheres mais influentes de sua época, graças à sua relação com João Fernandes de Oliveira, um contratador de diamantes. O poema começa com a antecipação de uma pergunta sobre quem foi Chica da Silva, sinalizando um futuro em que a memória dela e dos feitos de seu tempo podem ser questionados e esquecidos.
A narrativa lírica sugere a inevitabilidade da passagem do tempo e a efemeridade da glória e do poder. As repetições em parênteses – "Que tudo passa...", "Que tudo acaba...", "Que tudo engana..." – reforçam essa ideia de impermanência. A riqueza e a opulência representadas pela Chica da Silva e Fernandes, assim como o próprio esplendor do Tejuco (atual Diamantina), são apresentados como vulneráveis às forças da natureza e do tempo.
Meireles também utiliza imagens de decadência e destruição: o vento que leva "coluna e varanda", e a pompa que se esvai. Essa visão melancólica é contrastada com a afirmação de que "a morte, mesmo, é soberana", indicando que, em última instância, todos são iguais perante a morte.
O poema conclui com uma reflexão sobre a inutilidade dos esforços humanos em deixar um legado duradouro. Mesmo os que trabalham arduamente, movendo "águas e pedras", não deixarão nada permanente. A comparação da vida com a morte, "noutra medida", sugere que a existência humana é apenas uma variação da inexistência, destacando a futilidade das ambições terrenas.