Romance XLI ou Dos delatores
Cecília Meireles utiliza uma linguagem que mimetiza a fala do denunciante, uma figura essencial na trama da Inconfidência. O poema narra a delação de um prisioneiro que, por sua vez, ouviu de outro e assim por diante, revelando a rede de boatos e desconfianças que permeava a sociedade colonial mineira da época. A cadeia de informações repassadas entre carcereiro, meirinho, capitão e ouvidor destaca a precariedade e a corrupção das relações de poder. A falta de confiabilidade das informações e a indiscrição dos envolvidos ressaltam a atmosfera de medo e traição que culminou na delação dos inconfidentes.
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A estrutura do poema, com sua repetição e progressão, reforça o caráter oral e a incerteza das acusações. A personagem do delator finaliza sua denúncia escrita com uma certa ironia, destacando que repete apenas o que ouviu, sem certeza sobre a veracidade dos fatos. A denúncia é feita mais por uma necessidade de autoproteção e conformidade com o poder do que por um compromisso com a verdade, refletindo o comportamento de muitos durante a Inconfidência.
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