Romance XIV ou Da Chica da Silva
Chica da Silva, uma escrava alforriada que ascendeu socialmente e se tornou uma mulher de grande influência, é explorada de forma lírica e detalhada por Cecília Meireles, que destaca sua figura como símbolo de poder e desafio às normas sociais e raciais de sua época. Desde o início do poema a descrição da personagem é rica e cheia de contrastes: a "cara cor da noite" e os "olhos cor de estrela" ressaltam a beleza e o mistério que a cercam. A repetição do refrão "é a Chica da Silva: é a Chica-que-manda!" reforça sua autoridade e o respeito que impunha na sociedade, apesar de sua origem escrava.
CONTINUE LENDO APÓS A PUBLICIDADE
A poetisa utiliza uma narrativa quase épica para enaltecer Chica da Silva, retratando-a cercada de escravos e riquezas, com um destaque especial para os diamantes, que simbolizam tanto a opulência quanto a opressão da sociedade mineradora da época. As imagens luxuosas de "vestida de tisso, de raso e de holanda" e "mil luzeiros chispam" ao seu menor movimento, ilustram o poder e a influência que Chica alcançou.
CONTINUE LENDO APÓS A PUBLICIDADE
Meireles também aborda a ambiguidade da percepção social sobre Chica da Silva. A observação de que "por baixo da cabeleira, tinha a cabeça rapada e até dizem que era feia" aponta para os preconceitos e a resistência da sociedade em aceitar seu poder. A poetisa não omite as críticas e os comentários pejorativos que circulavam sobre Chica, mas os contrapõe à realidade de sua ascensão e controle social.
CONTINUE LENDO APÓS A PUBLICIDADE
A inclusão de elementos históricos, como os fidalgos curvando-se humildemente e a ironia de Chica ao chamar os reinóis de "marotinhos", trazem uma dimensão crítica ao poema, evidenciando a subversão de Chica às hierarquias raciais e sociais. Meireles pinta um quadro em que Chica, através de seu poder e riqueza, desafia e inverte as expectativas sociais de sua época.
CONTINUE LENDO APÓS A PUBLICIDADE
O poema conclui com uma celebração da presença dominadora de Chica, comparando-a a figuras míticas e religiosas, como a Rainha de Sabá e Santa Ifigênia, enaltecendo sua grandeza e singularidade. A repetição da descrição de Chica como alguém que nunca se viu antes, como a rainha que o rei Dom João Quinto não teve, reforça sua extraordinária posição.
CONTINUE LENDO APÓS A PUBLICIDADE