Fala inicial
A poetisa expressa a angústia e a confusão de um indivíduo preso em um labirinto de esquecimento e cegueira, onde amores e ódios coexistem. A voz da condenação, a visão da masmorra negra e a sombra do carcereiro são imagens poderosas que evocam a opressão e a injustiça sofridas pelos inconfidentes. A referência ao “meio-dia confuso” e ao “vinte-e-um de abril sinistro” remete diretamente à data da execução de Tiradentes, o mártir da Inconfidência Mineira.
O poema também questiona a natureza da justiça e da verdade, sugerindo que ambas podem ser enterradas na “mesma cova do tempo”, onde o castigo e o perdão caem juntos. A morte da tinta das sentenças e o sangue dos enforcados simbolizam a efemeridade do poder e da autoridade, enquanto a referência às “liras, espadas e cruzes” que agora são “pura cinza” sugere a transitoriedade de todas as coisas, sejam elas artísticas, militares ou religiosas.
Finalmente, o poema termina com uma reflexão sobre o mistério da existência, a força, o jogo e o acidente da “indizível conjunção” que ordena vidas e mundos em polos inexoráveis de ruína e exaltação. Este é um eco do tema central do “Romanceiro da Inconfidência”, que é a luta entre a liberdade e a opressão, a vida e a morte, a verdade e a mentira.
Portanto, “Fala inicial” é um poema que encapsula muitos dos temas e imagens presentes em “Romanceiro da Inconfidência”, oferecendo uma visão lírica e profunda da Inconfidência Mineira e de suas implicações históricas e humanas.