A TERRA: Capítulo 5
UMA CATEGORIA GEOGRÁFICA QUE HEGEL NÃO CITOU
O filósofo Hegel categorizou as sociedades baseando-se nas características geográficas do meio em que se desenvolveram: nas estepes e planícies áridas não há o vínculo do homem com a terra, mas a vida nômade é viável; nos vales férteis há uma profunda relação do trabalho humano com a produção agrícola; os litorais e as ilhas alimentam o desejo da exploração além-mar e dão a seus habitantes a vocação para o comércio.
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O sertão nordestino, porém, poderia se encaixar tanto na primeira como na segunda categoria de Hegel: os verões o fazem um deserto, mas o inverno trás chuvas que o tornam extremamente fértil.
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Esse jogo de antíteses existe ao redor do globo por conta de fatores astronômicos (a inclinação da Terra em relação à sua órbita em torno do Sol), que gera regiões extremamente secas, como o deserto do Saara, em contraposição a zonas repletas de verde, como a Amazônia e a Índia.
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COMO SE FAZ UM DESERTO
O autor ressalta o papel do homem na desertificação da terra: desde os índios é prática comum a queima descontrolada de grandes áreas de mata para a posterior exploração agrícola. Coma chegada dos colonizadores esse processo se intensificou, sendo que suas consequências eram objeto da atenção do governo, que editou leis que coibiam o incêndio de florestas nativas, mas sem muito sucesso.
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COMO SE EXTINGUE O DESERTO
Há evidências arqueológicas de que os romanos, ao ocuparem regiões desérticas, preocuparam-se em desenvolver técnicas que permitissem o estoque de água e a posterior irrigação do solo seco, com barragens e canais.
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No nordeste o mesmo poderia ser feito, com represas e cisternas que seriam abastecidas pelas águas das tormentas de inverno, conforme estudos do Instituto Politécnico do Rio de Janeiro já propuseram.
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O MARTÍRIO SECULAR DA TERRA
Enquanto não se tomam medidas concretas que equilibrem as condições extremas que se alternam no sertão, o martírio da terra faz surgir o martírio dos homens que nela habitam.
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