A LUTA: Capítulo 2
CAUSAS PRÓXIMAS DA LUTA
Antônio Conselheiro havia negociado com as autoridades de Juazeiro um carregamento de madeira para as obras de sua catedral. O juiz da cidade, sendo antigo desafeto de Canudos, impediu a entrega do material com a clara intenção de provocar uma reação do profeta.
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Documentos oficiais relatam que o governo da Bahia recebeu um alerta de Juazeiro para o risco de ataque dos jagunços, mas subestimou sua gravidade, enviando pouco mais de uma centena de praças para o provável conflito – enquanto se sabia que Canudos reunia mais de mil homens armados.
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Chegando a Juazeiro, a expedição militar foi imediatamente desacreditada pela população, que sabia da superioridade numérica dos guerreiros do arraial. Ainda assim os soldados rumaram na direção de Canudos como intuito de evitar o avanço dos jagunços sobre a cidade.
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UAUÁ
Após uma penosa caminhada pelo sertão prestes a secar, a tropa fixou-se em Uauá, vilarejo miserável que já estava sob a influência do Conselheiro. Esta notícia evidentemente foi enviada a Canudos e, sabendo do iminente confronto, os poucos moradores do povoado deixaram suas casas.
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PRIMEIRO COMBATE
Sem dar a devida atenção à debandada dos habitantes de Uauá, os militares foram surpreendidos durante a madrugada por um ataque dos jagunços.
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O bando dirigia-se ao vilarejo como penitentes numa procissão, entoando rezas e carregando símbolos religiosos. Os primeiros guardas sentinelas ainda dormiam e alguns foram mortos a facadas. Assustados e confusos, os soldados empunhavam suas armas e escondiam-se nas casas, assumindo posição de defesa.
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O armamento moderno das tropas produzia muitas baixas entre os jagunços, que preferiam o confronto direto, usando de foices, a perder tempo recarregando suas grosseiras carabinas. Percebendo tal desvantagem e sem conseguir atrair seus oponentes para fora de suas tocaias, os guerreiros do Conselheiro retornaram a seu arraial.
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Mesmo com a aparente vitória, os soldados se impressionaram com a quantidade de jagunços e com sua ferocidade: não os perseguiram e, assim que foi possível, fugiram de volta a Juazeiro. A cidade mais uma vez se alvoroçou ao ver o retorno da tropa em trapos, com muitos feridos, e acreditou-se que em breve os jagunços viriam no seu encalço, provocando novo êxodo dos moradores.
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