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  • Foto do escritor: Bruno Alves Pinto
    Bruno Alves Pinto
  • 4 de nov.
  • 11 min de leitura


O Retrato de Dorian Gray Oscar Wilde


Texto Original Completo (em domínio público)


Capítulo XV


Naquela noite, às oito e meia, impecavelmente vestido e com uma grande botoeira de violetas de Parma, Dorian Gray foi conduzido ao salão de Lady Narborough por criados obsequiosos. A testa latejava-lhe de nervos em fúria, e sentia-se intensamente excitado, mas, ao inclinar-se sobre a mão da anfitriã, seu modo era tão fácil e elegante como sempre. Talvez a gente nunca pareça tão à vontade quanto quando precisa representar um papel. Certamente ninguém, olhando Dorian Gray naquela noite, poderia acreditar que ele passara por uma tragédia tão horrível quanto qualquer tragédia de nossa época. Aqueles dedos finamente talhados jamais poderiam ter agarrado uma faca para o pecado, nem aqueles lábios sorridentes ter bradado contra Deus e a bondade. Ele próprio não conseguia deixar de se admirar com a calma do próprio comportamento e, por um instante, sentiu intensamente o terrível prazer de uma vida dupla.

Era um pequeno jantar, preparado meio às pressas por Lady Narborough, que era uma mulher muito inteligente e possuía, como Lord Henry costumava dizer, os vestígios de uma feiura realmente notável. Fora uma excelente esposa para um dos nossos embaixadores mais entediantes e, tendo sepultado como convinha o marido num mausoléu de mármore, que ela própria projetara, e casado as filhas com alguns homens ricos e um tanto idosos, dedicava-se agora aos prazeres do romance francês, da culinária francesa e do espírito francês, quando o conseguia.

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