- Bruno Alves Pinto

- 4 de nov.
- 15 min de leitura
O Retrato de Dorian Gray Oscar Wilde
Texto Original Completo (em domínio público)
Capítulo XIV
Às nove horas da manhã seguinte, o criado entrou com uma xícara de chocolate numa bandeja e abriu as venezianas. Dorian dormia muito tranquilamente, deitado de lado direito, com uma mão debaixo da face. Parecia um garoto cansado de brincar ou de estudar.
O homem precisou tocá-lo duas vezes no ombro antes que ele acordasse, e, ao abrir os olhos, um leve sorriso lhe passou pelos lábios, como se houvesse estado perdido em algum sonho delicioso. No entanto, ele não sonhara nada. Sua noite não fora perturbada por imagens de prazer ou de dor. Mas a juventude sorri sem motivo. É um de seus maiores encantos.
Ele se virou e, apoiando-se no cotovelo, começou a sorver o chocolate. O brando sol de novembro inundava o quarto. O céu estava claro, e havia um calor ameno no ar. Parecia quase uma manhã de maio.
Pouco a pouco, os acontecimentos da noite anterior foram se insinuando, com pés silenciosos e manchados de sangue, em seu cérebro e ali se recompuseram com terrível nitidez. Encolheu-se à lembrança de tudo que sofrera e, por um instante, o mesmo curioso sentimento de repulsa por Basil Hallward, que o fizera matá-lo enquanto ele estava sentado na cadeira, voltou-lhe, e ele ficou frio de paixão. O morto ainda estava sentado lá também, e agora à luz do sol. Como aquilo era horrível! Coisas tão hediondas eram para a escuridão, não para o dia.
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