Parte 1 - Os Aventureiros
5 - Loura e Morena
No jardim da casa à margem do rio Paquequer, estava Cecília deitada à rede: uma moça loura, de pele muito branca, vestida de maneira simples, porém muito bela. A jovem sonhava com um homem que vinha a seu encontro, mas tal encontro tornava-se pesadelo quando o homem transfigurava-se um selvagem. Seu coração se entristecia e sonhava novamente que um cavalheiro viesse enxugar suas lágrimas.
Seus sonhos encerraram-se com a chegada de Isabel, sua prima, moça morena de cabelos negros, que estranhou a tristeza nos olhos da jovem que sempre exibira alegria: adivinhou que seu desânimo se dava pela falta de Peri, o índio que lhe servia e estava desaparecido desde o dia anterior. Isabel ainda lembrou que caso ele tivesse a abandonado, logo encontrariam outro para por em seu lugar, já que era apenas um selvagem.
Cecília confrontava essas ideias de Isabel, chamando-a de irmã (que realmente era) e tirando de sua cabeça a ideia de que, por sua cor de pele, ela seria inferior. Isabel lembrava que era maltratada pela mãe de Ceci, mas entendia sua condição. Para sair desse assunto tenso, logo Cecília animou-se e pediu que ela também não se entristecesse: brincava com os pássaros e com um veado de estimação.
Ouviu-se a chegada de cavalos: era o Sr. Álvaro com seus companheiros que voltavam da cidade. Isabel reparou que voltavam mais cedo que o previsto, em dezenove dias – Cecília reparou que a moça estava, portanto, contando os dias para a chegada, e ficou curiosa por qual seria o motivo, mas Isabel desconversou.
Cecília animou-se para ver o que eles traziam: ela havia encomendado um colar de pérolas para Isabel, que combinaria com seu tom de pele, ao qual dizia invejar – da mesma forma que Isabel invejava a brancura de Cecília.