11 - O menino é pai do homem
Seguindo o dito do poeta que “o menino é pai do homem”, Brás Cubas apresenta-se destrinchando sua infância.
Fora criado muito livremente, o que o tornou muito mal-educado: era chamado de “o menino diabo”. Enganava os adultos, maltratava os escravos – em especial Prudêncio, um moleque que tinha a mesma idade e em quem gostava de montar, como se fosse seu cavalo.
Sua mãe, senhora caseira e modesta, temente ao marido, ensinava ao pequeno Brás orações que ele repetia diariamente, mas serviam apenas para amenizar os pecados que nunca deixava de cometer.
Seu pai o adorava, mesmo com todas suas traquinagens, e não dava atenção às preocupações do tio cônego do menino, que alertava sobre o excesso de liberdade dado à criança.
João, o tio ex-oficial, era um zombador que adorava contar piadas sujas e seu sobrinho o acompanhava, ouvindo e aprendendo todas.
Já Ildefonso, o cônego, era um homem austero e puro, apesar de não ser tão ligado à questão espiritual da igreja: antes ele se importava com as hierarquias, as aparências, os rituais – sua única ambição tinha sido tornar-se cônego.
Havia ainda uma tia materna, Dona Emerenciana, que se diferenciava de todos os outros: tinha autoridade sobre o menino. Mas viveu pouco tempo com ele.
Resumindo sua base familiar numa metáfora, Brás Cubas diz: “Dessa terra e desse estrume é que nasceu esta flor”.