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José de Alencar



José de Alencar (1829-1877) é um dos mais influentes escritores brasileiros do século XIX, responsável por consolidar o romance nacional e explorar as particularidades do Brasil como um cenário literário autêntico. Nascido em Messejana, Ceará, Alencar também foi advogado, jornalista e político, além de ser Ministro da Justiça no governo de Dom Pedro II. Apesar de sua carreira política relevante, é na literatura que ele cravou seu nome na história.


Alencar é amplamente lembrado por ter tentado construir uma literatura genuinamente brasileira, diferentemente do que era visto na época, quando muitos autores buscavam inspirações em modelos europeus. Seu projeto literário buscava a identidade nacional, seja por meio de descrições da natureza, seja ao ressaltar figuras indígenas como protagonistas.



A obra de José de Alencar é extensa e diversificada, abrangendo romances urbanos, históricos e regionalistas. Abaixo, listam-se seus livros com o ano de primeira publicação:


Alencar também escreveu peças de teatro, como "O Demônio Familiar" (1857) e "Mãe" (1860), além de crônicas, cartas e outros textos.


Monumento a José de Alencar, no Rio de Janeiro, inaugurado em 1897
  • Embora Alencar tenha sido uma figura proeminente durante o Segundo Reinado e tenha se correspondido com Dom Pedro II, sua relação com o imperador foi marcada por altos e baixos. De fato, eles tinham divergências, especialmente em questões políticas e literárias. Alencar chegou a escrever cartas públicas criticando a atuação de Dom Pedro II, o que deteriorou a relação entre eles.


  • Alencar utilizou vários pseudônimos em suas publicações jornalísticas, sendo o mais conhecido "Erasmo". Outros pseudônimos incluem "Sênio" e "Ig". Ele recorria a esses nomes para assinar crônicas, críticas políticas e literárias, além de manifestos anônimos​.


  • O Guarani, um de seus romances mais famosos, foi adaptado para a ópera por Carlos Gomes em 1870. A ópera alcançou sucesso internacional, sendo apresentada em teatros importantes, como o Teatro alla Scala, em Milão.


  • Machado de Assis admirava José de Alencar e o considerava uma referência importante na literatura brasileira, tanto que o escolheu como patrono de sua cadeira na Academia Brasileira de Letras. Contudo, o estilo literário de Alencar, marcado pelo romantismo exacerbado e pelo idealismo, foi alvo de críticas, inclusive por Machado, que representava um movimento mais realista e contido​.


    Estátua de José de Alencar em um hotel de Fortaleza/CE.

Alencar foi o precursor da criação de uma literatura nacionalista no Brasil. Ele é frequentemente considerado o "pai do romance brasileiro" por seu papel em enraizar a narrativa romântica no cenário brasileiro, o que permitiu que o país se visse representado nas páginas de suas obras.


Entretanto, as críticas ao seu trabalho não são raras. Muitos críticos apontam para a visão idealizada e romantizada de indígenas em seus romances indianistas, o que pode distorcer as reais condições de vida e os traumas do processo de colonização. Além disso, sua visão de sociedade, em especial nos romances urbanos, pode ser considerada elitista e moralista, refletindo um posicionamento conservador.



Alencar também era um defensor da escravidão, o que lhe garante um lugar desconfortável em discussões mais contemporâneas sobre seu legado. Mesmo com sua importância literária inegável, suas posturas políticas geram debates, já que ele se opunha à abolição, um fato difícil de ignorar.


Apesar das críticas, não dá para negar que Alencar foi pioneiro em imaginar o Brasil de forma literária, o que rendeu alguns dos romances mais marcantes da literatura nacional. Alencar, para o bem ou para o embaraço, representa um Brasil que estava tentando descobrir sua própria voz no mundo literário. E bem, como um bom romântico, ele fez isso com muito drama, algumas lágrimas e muitas metáforas floreadas.


Conheça os títulos de José de Alencar publicados aqui no Resumo Por Capítulo:



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