Dora, Mãe
Após colocar Zé Fuinha para dormir, Dora foi até o Professor, que iniciaria a leitura de um livro.
Chegou Gato com uma agulha e uma linha nas mãos: ele não conseguia passar a linha pelo buraco da agulha e pediu ajuda a Dora. Ela não somente passou a linha pelo buraco, como se ofereceu para coser o que ele precisasse: o bolso do paletó, que estava gasto, e também as costas de sua camisa. Ao fazer a costura com a camisa ainda no corpo de Gato, ela acabava tocando as costas do rapaz.
A única mulher que tocava as costas de Gato era Dalva, sua amante, que o arranhava enquanto faziam amor. Mas o toque de Dora era diferente: lembrava o de sua mãe, morta ainda jovem, quando cosia suas roupas. Gato, apesar de agir como homem, dormindo com uma prostituta, vivendo de furtos, era ainda uma criança em termos de idade e lhe era gostosa a sensação de ser cuidado novamente por uma mãe. Tanto que ao final da costura ele sentenciou: “Você é mãezinha da gente agora…”. Dora sorriu. Professor compreendeu o que ele quis dizer.