Crianças ladronas
O livro se inicia com a reprodução de uma reportagem do Jornal da Tarde, na página policial, relatando uma onda de assaltos causada por um bando de menores, talvez mais de cem, entre 8 e 16 anos, que se abrigam na região das praias – sendo intitulados, portanto, de “Capitães da Areia”. Haveria entre eles um líder, de apenas 14 anos, responsável por crimes graves.
O último caso foi um roubo à residência do Comendador José Ferreira: após cercarem a casa, os jovens a invadiram, assustando a mulher do comendador e sua empregada; o jardineiro ouviu gritos e armou-se com uma foice, mas os criminosos já saíam da casa carregando diversos objetos; o neto do Comendador, Raul, 11 anos, estava no jardim, quando encarou o líder do bando de ladrões, que acabou fugindo ao ver o jardineiro aproximar-se.
O Jornal exige providências do Chefe de Polícia e do Juiz de Menores, para castigar os malandros e defender as distintas famílias.
Intitulada “A opinião da inocência”, surge a fala do garoto Raul: o chefe dos “Capitães da Areia” conversou com ele, dizendo que ele não sabia brincar; Raul retrucou, dizendo que tinha muitos brinquedos; o assaltante riu, afirmou que ele tinha a rua e o cais; Raul acaba dizendo que gostou do rapaz, que parecia viver uma aventura, como nos filmes.
O Jornal alerta, por fim, sobre a má influência do cinema na mente das crianças, que se encantam por “aventuras”.