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Resumo Por Capítulo: Brasil, País do Futuro

História


O autor abre sua narrativa afirmando que até 1500 todo o território que se tornaria o Brasil era "desconhecido e sem nome".


Em seguida ele relata a "descoberta" de Pedro Álvares Cabral como um evento paralelo a outras "visitas" que Pinzón e Vespúcio teriam feito, ainda antes do português. Até mesmo a ideia de "descoberta" é colocada em xeque, considerando certo o conhecimento prévio deste território pela coroa portuguesa.


Os relatos iniciais destas terras não passavam de observações sobre as condições ambientais favoráveis e sobre a existência de povos "amigáveis" por toda sua extensão. São ressaltados os hábitos naturistas e a receptividade, em especial das nativas, aos navegadores.


A falta de riquezas rapidamente saqueáveis, como metais preciosos e especiarias, que abundavam nas costas da África e da Ásia, fez com que Portugal desprezasse o encontro inicial com seu pedaço da América. Ainda assim, selou um acordo com a Espanha para garantir a sua posse.


Durante os primeiros anos, com a extração do pau-brasil como única atividade, navegadores franceses se tornam clientes frequentes das feitorias, despertando a atenção da coroa para a necessidade de ocupação e povoamento de seu território, antes que outros o fizessem.


Por ser uma das colônias menos desenvolvidas, o Brasil se tornaria destino preferencial de degradados, criminosos com penas suspensas e aventureiros. Os únicos verdadeiros voluntários nesta primeira empreitada teriam sido os "cristãos novos", como eram conhecidos os judeus recém batizados, que teriam originado as famílias mais tradicionais de Pernambuco e da Bahia, sendo os primeiros a organizarem o comércio local.


Somente após três décadas, com a ameaça constante dos navios franceses, decidiu-se por uma colonização capitaneada pela iniciativa privada: dividido em doze, o território seria dado a portugueses escolhidos pela coroa, que passariam seus direitos hereditariamente - quase um sistema de principados. Essa solução funcionou somente nas capitanias São Vicente e Pernambuco, com alguma produção de cana-de-açúcar.


Devido à contínua visita de corsários ao restante do litoral, Tomé de Sousa é designado, em 1549, para liderar mais de mil homens na instituição de um governo central da colônia, com sede na Bahia. Junto a eles seguia um grupo de seis padres jesuítas, cuja influência o autor considera fundamental para a construção do que seria o Brasil.


Segundo Zweig a instituição dos jesuítas, ainda jovem naquela época, teria sido responsável por formar padres altamente abnegados, o que seria essencial para o empreendimento da ocupação do novo mundo por uma nova civilização católica - a tarefa lhes parecia predestinada, uma vez que na Europa o protestantismo avançava com força.


Até então o Brasil só tinha sido visitado por pessoas que queriam levar dele alguma riqueza. Os jesuítas, pelo contrário, carregavam consigo ferramentas, sementes e animais que seriam usados para ensinar aos nativos a cultura da terra, ao mesmo tempo em que a miscigenação faria surgir a raça brasileira, conforme idealizado pelos religiosos.


Destacaram-se nesta tarefa o padre Manuel da Nóbrega, tido como verdadeiro líder da ocupação brasileira, além de seus alunos, José de Anchieta, famoso escritor, e Antônio Vieira, reconhecido pregador.


Empenhados em aprender as línguas nativas e a domesticar os indígenas, que viviam de forma seminômade, os padres conseguiram rápido sucesso. A fragilidade cultural dos povos originais, que não teriam noções religiosas ou morais complexas, teria facilitado a disseminação dos ideais cristãos entre eles.


Defende-se que a vinda do governo central ao Brasil teria incomodado mais os colonizadores já assentados do que os próprios nativos, já que muitos deles viviam aqui como autocratas, escravizando indígenas, procriando em poligamia e vivendo sem grandes obrigações.


Os jesuítas incomodam-se com este cenário e solicitam a Portugal que envie mulheres brancas, órfãs e prostitutas, para estabelecerem laços familiares estáveis com os colonos. Quanto à escravidão, a única saída que os padres encontram para defender os nativos é o apoio à importação de africanos escravizados.


A dedicação dos jesuítas nesse projeto civilizacional era acompanhada com desconfiança pela corte portuguesa, o que motivou Manuel da Nóbrega escolher Piratininga (hoje São Paulo) como centro geográfico de sua atuação: longe dos olhares do governo central, protegida por uma cordilheira, próxima ao mar e bem servida por rios navegáveis.


A ocupação da região foi o primeiro movimento de avanço rumo ao sul e ao interior do país. Os padres formavam pequenas aldeias com os indígenas, que rapidamente absorviam os ideais católicos e passavam a defendê-los do ataque de outros grupos nômades.


Em 1555, o aventureiro francês Nicolau Durand de Villegaignon, com o apoio tácito da Coroa Francesa, estabeleceu um forte na baía de Guanabara, buscando fundar a "França Antártica". Essa invasão ameaçava a unidade territorial e religiosa do Brasil, levando o governador português Mem de Sá, com o apoio estratégico de Nóbrega, a liderar um ataque contra os franceses em 1560.


Apesar da vitória inicial, os franceses permaneceram na região por mais cinco anos, até serem definitivamente expulsos em 1567 por Estácio de Sá, sobrinho de Mem de Sá. Essa batalha decisiva garantiu o controle português sobre o Rio de Janeiro e a unidade do Brasil.


Zweig retrata Villegaignon como uma figura ambígua e aventureira, típica do Renascimento, destacando sua busca por glória e poder. O autor sugere que a França Antártica pode ter sido um projeto pessoal de Villegaignon, com apoio tácito da Coroa Francesa, que se beneficiaria do sucesso da empreitada sem se comprometer diretamente com Portugal.


A narrativa destaca a importância estratégica do Rio de Janeiro e a fragilidade da colonização portuguesa nos primeiros anos, com poucos recursos militares e uma população dispersa. A vitória sobre os franceses consolidou o domínio português, mas também evidenciou a crescente importância do Brasil e a necessidade de uma maior presença portuguesa na região.


Em 1578, Portugal perdeu sua independência para a Espanha, e o Brasil passou a ser uma possessão espanhola por 62 anos. Esse período foi marcado por ataques de piratas ingleses e franceses, além da invasão holandesa no nordeste do país. A Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, fundada em 1621, buscava controlar o lucrativo comércio de açúcar do Brasil. Em 1630, os holandeses ocuparam Pernambuco e estabeleceram um governo que durou 24 anos.


O governo holandês, liderado por Maurício de Nassau, implementou uma administração eficiente e tolerante, promovendo o desenvolvimento econômico e cultural da região. No entanto, a restauração da coroa portuguesa em 1640 tornou a presença holandesa ilegítima. A luta pela libertação, liderada por brasileiros e apoiada por Portugal, culminou na expulsão dos holandeses em 1654. A expulsão dos holandeses consolidou a unidade e a identidade brasileira, fortalecendo o sentimento nacionalista e a resistência a influências estrangeiras.


No início do século XVIII, a descoberta de ouro em Minas Gerais impulsionou uma nova onda de crescimento e transformação no Brasil. A corrida do ouro atraiu uma multidão de aventureiros e escravos para a região, levando ao surgimento de cidades prósperas e ao desenvolvimento da economia. A riqueza gerada pelo ouro trouxe prosperidade a Portugal, mas também gerou conflitos com a Coroa, que buscava controlar a extração e o comércio do metal precioso.


A Revolta de Vila Rica, em 1720, foi uma das manifestações da insatisfação dos colonos com a exploração portuguesa. O ciclo do ouro impulsionou o desenvolvimento do interior do país e a formação de uma sociedade mais complexa, com o surgimento de uma elite mineradora e o aumento da dependência do trabalho escravo. No entanto, a exploração desenfreada do ouro levou ao esgotamento das jazidas e à decadência das cidades mineradoras no final do século XVIII.


A invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão em 1807 forçou a família real portuguesa a se refugiar no Brasil. A presença do rei D. João VI no Rio de Janeiro marcou o início de uma série de transformações políticas e econômicas.


A abertura dos portos ao comércio internacional e o fim de diversas restrições coloniais impulsionaram o desenvolvimento do Brasil e fortaleceram o sentimento de autonomia. A Revolução Liberal do Porto em 1820 exigiu o retorno do rei a Portugal, mas seu filho D. Pedro permaneceu no Brasil como regente.


Diante da pressão popular e do crescente movimento pela independência, D. Pedro proclamou a independência do Brasil em 7 de setembro de 1822, consolidando a separação política de Portugal e iniciando uma nova fase na história do país.


A independência do Brasil foi um processo relativamente pacífico, comparado às lutas sangrentas que marcaram a independência de outras colônias americanas. A figura de D. Pedro I, embora controversa, desempenhou um papel fundamental nesse processo, garantindo a continuidade da monarquia e a estabilidade política do país.


O reinado de D. Pedro II, que durou quase meio século (1840-1889), foi um período de relativa paz e prosperidade para o Brasil. O país se consolidou como uma nação independente, expandindo suas fronteiras e buscando a estabilidade política e econômica.


A questão da escravidão, central na sociedade brasileira, gerou intensos debates e conflitos. A Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888, aboliu definitivamente a escravatura no Brasil, marcando um passo importante na construção de uma sociedade mais justa. No entanto, a abolição também gerou uma crise econômica que contribuiu para a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889.


O Segundo Reinado foi um período de modernização e desenvolvimento para o Brasil, com a expansão da economia cafeeira, a construção de ferrovias e a chegada de imigrantes europeus. D. Pedro II, um monarca culto e progressista, incentivou o desenvolvimento cultural e científico do país. No entanto, a monarquia enfrentou desafios crescentes, como a pressão dos republicanos e a crise gerada pela abolição da escravatura. A Proclamação da República marcou o fim do Império e o início de uma nova fase na história do Brasil.


A narrativa de Zweig sobre a história do Brasil é marcada por um estilo envolvente e rico em detalhes, que transporta o leitor para os diferentes períodos da formação do país. O autor demonstra grande admiração pela cultura e pelo povo brasileiro, destacando a miscigenação racial e a capacidade de conciliação como características marcantes da nação.


No entanto, sua visão eurocêntrica e idealizada do Brasil pode ser criticada por minimizar os conflitos e as desigualdades sociais presentes na história do país. A obra, escrita em 1941, reflete o contexto da Segunda Guerra Mundial e a busca de Zweig por um refúgio em um país que representava a esperança de um futuro pacífico e harmonioso.


Sua narrativa enaltece o caráter tolerante e acolhedor do povo brasileiro, contrastando com a violência e o ódio que assolavam a Europa na época. No entanto, é importante lembrar que o Brasil também enfrentou desafios e contradições em sua história, como a escravidão, a exploração dos indígenas e as desigualdades sociais.


A obra de Zweig, embora valiosa por sua sensibilidade e riqueza de detalhes, deve ser lida com um olhar crítico, contextualizando sua narrativa no momento histórico em que foi escrita e reconhecendo as complexidades da história brasileira.



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