Capítulo 35
A perseguição noturna continua, com os pensamentos de Luís variando entre lembranças longínquas dos capangas de seu avô, alguns condenados à cadeia, e considerações sobre Julião e sobre si próprio.
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O narrador tinha em mente a imagem de José Baía, matador de renome em sua infância, quando pegou a corda em seu bolso e saltou sobre o corpo da vítima, laçando seu pescoço. Julião esforçou-se numa breve luta, balançando para a frente e depois quase caindo para trás, sobre o corpo de seu assassino, mas não resistiu e tombou desfalecido. Luís da Silva teve a sutil sensação de não ser a mesma pessoa: havia abandonado o papel subserviente que incorporara desde a infância, sempre fazendo o que os outros mandassem, e isto o alegrava.
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Atormentado pelo seu próprio ato, Luís ficou alguns instantes sem saber qual atitude tomar: deixaria o corpo de Julião escondido entre as folhas? Ou o carregaria até a cidade? Chegou a iniciar uma escavação com as próprias mãos, mas percebeu que era uma tarefa impossível sem as devidas ferramentas. Ao lembrar-se do enforcamento de seu Evaristo, decidiu amarrar o pescoço de Julião e guindá-lo num galho de árvore.
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Durante o tortuoso trabalho Luís mentalizava diversos cenários em que teria seu crime descoberto, responderia a tribunais e seria condenado a trinta anos de prisão. O enorme corpo já estava suspenso quando algumas pessoas cruzaram o caminho e esbarraram no enforcado, mas apenas pediram desculpa e seguiram em frente, iludidos pela escuridão da noite e pelo nevoeiro.
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Com o morto devidamente erguido Luís amarrou a corda na árvore e passou a procurar por seu chapéu, que caíra durante a luta. Primeiramente vestiu um chapéu que não lhe coube – era o de Julião – depois encontrou o seu e saiu desgovernado pelos trilhos.
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No meio do caminho Luís cruzou um vagabundo que dormia e pediu um cigarro. Já chegando próximo de sua casa ele imaginou que se qualquer pessoa o visse naquele estado, com as roupas sujas e rasgadas, seria uma testemunha perfeita de seu crime. Pensava até mesmo em um possível encontro com guardas e em como imediatamente confessaria seu feito.
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Protegido, em sua casa, Luís despiu-se e tomou um banho silencioso, para não despertar suspeitas na vizinhança. Suas mãos tinham ferimentos que doíam conforme eram lavados. Eram três horas quando ele bebia aguardente e fumava cigarros. Teve a impressão de alguém batendo à porta e ficou confuso, pensando em que desculpa daria para estar acordado àquela hora, mas não havia ninguém por ali. Às quatro horas caiu na cama, como um morto.
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