Capítulo 2
Em sua casa, à noite, o narrador continua com dificuldades de concentração enquanto tenta escrever um artigo que lhe pediram para publicar no jornal. Muitas coisas o distraem: Vitória, sua criada, que vive a resmungar; ratos, que se remexem nos armários; e até mesmo os carros, ao passarem pela rua…
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Após duas horas ele escreve apenas uma palavra: Marina, e tem o pensamento invadido por figuras que o desprezam: diretores, secretários, políticos, negociantes… Quando encontra estes tipos nos cafés, afasta-se como um rato.
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O aluguel de sua casa está em atraso, fazendo o Dr. Gouveia enviar-lhe inúteis bilhetes de cobrança. Também acumula dívidas de contas de luz e de um empréstimo tomado com o judeu Moisés.
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Todos estes personagens se remexem como vermes na cabeça do narrador, que ainda é invadida pela imagem de Julião Tavares.
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Com o desejo de voltar a viajar, ele considera sua vida monótona, estúpida: cumpre todos os dias o mesmo horário numa repartição pública e, ao fim do dia, pega o bonde para a Ponta-da-Terra. Seu pensamento é dominado por lembranças negativas e intenções suicidas, chegando a imaginar seu próprio enterro, e considera que o único impacto de sua morte seria sua substituição na Diretoria da Fazenda.
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Para distrair-se, observa a rua: de um lado casarões, do outro, navios. Relembra os tempos de estudante, quinze anos antes, quando morava na pensão da Dona Aurora, na companhia constante de Dagoberto, que lhe apresentava compêndios de anatomia e cestas de ossos em sua cama.
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No fim da linha o bonde cruza uma área miserável, com casas de palha e barcos de pescadores, e depois volta à cidade, passando pelos fundos do Tesouro, onde o narrador tem sua “ocupação estúpida”, que lhe rende quinhentos mil-réis ao mês. Na Rua do Comércio, onde estão os tipos que lhe desgostam, ele sempre vê umas vinte pessoas conhecidas.
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Afastando-se da cidade, rumo ao oeste, a paisagem remete à sua infância no sertão: na fazenda de seu avô, Trajano Pereira de Aquino Cavalcante e Silva, que já era muito velho quando o conhecera. Seu pai, Camilo Pereira da Silva, passava os dias fumando, lendo obras de Carlos Magno e torcendo pelo partido de padre Inácio na política. Os negócios iam mal, a casa ruía, os poucos animais adoentavam. Quitéria trabalhava na cozinha. Sua avó, sinhá Germana, falava sozinha, xingando escravas que já nem existiam.
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Seu Trajano gostava de beber e aos domingos era carregado para casa pelo mestre Domingos, seu antigo escravo, que agora possuía uma venda e tinha vida respeitável. Ainda assim, o velho xingava o preto, dizendo-se seu senhor. Perto dos cem anos, Trajano caducou, e insistia em chamar por sua mulher, morta há anos.
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Após muita agonia Trajano morreu e o narrador mudou-se com seu pai para a vila, onde, aos dez anos, iniciou os estudos com o mestre Antônio Justino. Lá ele aprendeu leitura, catecismo e conjugação de verbos. Ao final das aulas ia jogar pião ou empinar papagaio, sempre sozinho.
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