Política literária
O poema "Política literária", dedicado a Manuel Bandeira, apresenta uma crítica mordaz à competição e à hierarquia no meio literário através de uma metáfora política. O texto descreve de forma sucinta e irônica uma disputa entre poetas de diferentes esferas de influência — municipal, estadual e federal —, que discutem qual deles possui maior capacidade literária ou prestígio.
A imagem dos poetas municipal e estadual debatendo quem pode superar o poeta federal ilustra a rivalidade e a busca por reconhecimento no campo da literatura, sugerindo que tais disputas são mais uma questão de status do que de qualidade literária. Essa competição é contrastada com a atitude do poeta federal, que, alheio ou indiferente à disputa, "tira ouro do nariz". Este gesto, carregado de ironia, pode ser interpretado como uma crítica à autossatisfação ou à pretensa superioridade dos poetas considerados de maior renome ou influência.
"Política literária" utiliza a estrutura hierárquica política como uma analogia para explorar as dinâmicas de poder e a vaidade dentro da esfera literária. Ao fazer isso, o poema questiona os critérios que definem o valor e o reconhecimento no campo da poesia, apontando para a superficialidade e o absurdo de tais disputas. A dedicatória a Manuel Bandeira, poeta renomado pela sua simplicidade e profundidade, reforça a crítica à tendência de politização e competição no meio literário, sugerindo um apreço pela genuinidade e pelo talento autêntico em detrimento das querelas por status.