Construção
O poema "Construção" descreve um momento cotidiano em um canteiro de obras, destacando a interação entre o ambiente de trabalho e os elementos naturais. O poema inicia com um "grito" que irrompe no ambiente, comparado a um "foguete", sugerindo uma manifestação abrupta e possivelmente de alerta ou dor no contexto de uma obra.
O cenário é marcado por "barro úmido, caliça e andaimes hirtos", elementos que evocam a natureza física e muitas vezes precária do trabalho na construção civil. Esses componentes não só definem o espaço físico, mas também sugerem a dureza do trabalho manual e o ambiente desafiador enfrentado pelos trabalhadores.
A presença do "sol" que "cai sobre as coisas em placa fervendo" intensifica a sensação de calor e exaustão, contribuindo para a atmosfera árdua da cena. Esse detalhe enfatiza as condições muitas vezes extremas sob as quais o trabalho é realizado, realçando a luta contra os elementos da natureza.
A menção do "sorveteiro" que "corta a rua" introduz um contraste com o ambiente da construção, trazendo uma imagem de alívio e frescor em meio à intensidade do trabalho e do calor. Este elemento serve como uma breve interrupção na narrativa da construção, oferecendo um vislumbre de normalidade e vida cotidiana que persiste ao redor do canteiro de obras.
Por fim, o "vento" que "brinca nos bigodes do construtor" adiciona uma nota de leveza e humanidade ao poema. Este detalhe personifica o vento e ao mesmo tempo destaca a presença do construtor, um indivíduo que, apesar das adversidades do ambiente, continua a desempenhar seu papel fundamental na criação e transformação do espaço urbano.
"Construção" é um poema que captura um momento efêmero dentro do cotidiano trabalhoso da construção civil, utilizando imagens visuais e sensoriais para explorar a relação entre o homem e seu ambiente de trabalho, bem como os contrastes entre o árduo e o aliviante, o inanimado e o vivaz.