9 - A Sra. D. Ana com suas Histórias
Após tanto falar, Augusto dirigiu-se à nascente que havia no fundo da gruta e bebeu um copo d’água. D. Ana riu-se, dizendo que aquela fonte guardava uma antiga história, que casava-se muito bem com as histórias de amores do rapaz.
Dizia-se que antes de os portugueses ali chegaram, vivia na gruta a índia Aí. Apaixonada pelo índio Aoitin, que visitava a ilha para caçar, a moça não recebia nenhuma atenção de seu amado, por mais que sempre o ajudasse em seu trabalho e que o cuidasse enquanto descansava na gruta. Decepcionada, Aí chorava e cantava esperando enternecer Aoitin.
Suas lágrimas cobriram a gruta e fizeram surgir aquela nascente. Algumas gotas caíram nos olhos do caçador, que passou a olhar para Aí; depois outras gotas caíram em seus ouvidos, e ele passou a ouvir sua canção; e por último uma gota caiu em seu coração e ele passou a amá-la.
A canção de Aí havia sido traduzida para o português e ainda era entoada pela neta de D. Ana. Havia a crença que quem bebesse da água daquela fonte não sairia da ilha sem se apaixonar por alguém, e para lá voltaria em busca desse amor.
Augusto ouviu novamente alguém que parecia escutá-los na entrada da caverna, mas somente enxergou D. Carolina correndo nas redondezas. Ele afirmou a D. Ana que desejava ouvir da garota a tal canção, quando coincidentemente a menina começou a cantá-la sobre a gruta.