Prólogo
A autora, uma jornalista com mais de vinte anos de experiência em publicações de psicologia e ciências cognitivas, comenta como durante a produção desta obra se viu instigada a colocar em prática o conhecimento que pesquisava: era como se os filósofos do passado, como o alemão Friedrich Nietzsche ou o francês Frédéric Gros, ao refletirem em seus textos sobre a importância do movimento corporal para a fluidez das ideias, frequentemente a convidassem para uma caminhada de espairecimento, o que lhe serviria de ajuda na confecção do próprio livro.
Contrariando o conceito dominante em nossos tempos, de que o pensamento seria um processo meramente interno aos nossos cérebros, esta publicação expõe uma visão mais ampla sobre a cognição: ela seria um produto do somatório das experiências sensoriais, espaciais e interrelacionais a que somos expostos no mundo. Exemplificando esta tese, a autora reunirá relatos de casos notáveis em que pensadores, pesquisadores e cientistas realizaram grandes descobertas graças ao uso do “pensamento externo”.
Tal perspectiva, ela ressalta, pode ser encontrada em variadas áreas de estudo, porém de maneira um tanto desconexa: cognição incorporada, cognição situada e cognição distribuída são abordagens bem estabelecidas, mas que ainda não haviam sido colocadas lado-a-lado, como elementos complementares de um conjunto.
Para reunir tais áreas do conhecimento, a autora revela ter se inspirado no trabalho filosófico do professor universitário Andy Clark, que em 1995 teria proposto pela primeira vez, numa publicação acadêmica, a ideia da “Mente Estendida”: inicialmente abordando os efeitos das ferramentas tecnológicas sobre nossas capacidades cognitivas, em trabalhos subsequentes ele expandiria seus conceitos para nossas relações com o meio que ocupamos e para as relações sociais que tecemos durante a vida.
Considerando-se uma “convertida” ao conceito de mente estendida, a escritora passou a adotar na própria rotina diversas técnicas, testadas e analisadas por cientistas, que propõem o uso consciente e positivo de nossa capacidade de pensar “fora do cérebro”.
Lamentando que nosso sistema educacional tradicional ainda não leve em conta essas características potenciais da natureza humana, a autora acredita que tal lacuna possa ser um tanto responsável pela falta de inovação, de engajamento e pela dificuldade nos trabalhos em equipe que escolas e empresas enfrentam na atualidade. Sendo assim, ela espera que sua obra possa inspirar mais pessoas a expandirem suas mentes e, quem sabe, ultrapassarem tais dificuldades.