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A Ironia da Moralidade em "Esaú e Jacó" de Machado de Assis


Desenho em estilo à mão com um pedinte de joelhos recebendo esmola de duas senhoras.

Machado de Assis, um dos maiores nomes da literatura brasileira, é conhecido por sua habilidade em tecer narrativas que exploram as complexidades da alma humana com uma pitada de ironia. Em "Esaú e Jacó", essa habilidade é exibida com maestria, especialmente no capítulo intitulado "A esmola da felicidade". Este capítulo serve como um microcosmo da visão realista de Machado sobre a moralidade humana, onde as ações aparentemente virtuosas são frequentemente motivadas por interesses pessoais e falhas ocultas.


O ato de Natividade, ao doar uma quantia significativa ao "irmão das almas", é inicialmente visto como um gesto de generosidade. No entanto, a ironia se desdobra quando percebemos que essa doação pode ser uma tentativa de compensar sua visita anterior a uma adivinha, um ato não tão moralmente aceitável. A doação, portanto, torna-se uma espécie de penitência, um meio de acalmar sua própria consciência.


A ironia se aprofunda ainda mais quando o "irmão das almas", encarregado de coletar doações para as almas do purgatório, decide desviar parte da doação para si mesmo, justificando que ele também possui uma alma a ser cuidada. Em um ato subsequente de autojustificação, ele faz uma doação menor a um mendigo, criando uma cadeia de eventos onde a moralidade é usada como fachada para ações egoístas.


Machado de Assis utiliza esses episódios para criticar sutilmente a sociedade de sua época, que muitas vezes mascarava seus vícios sob o véu da virtude. Através de sua narrativa, ele questiona a autenticidade das ações morais e revela como a moralidade pode ser manipulada para servir aos interesses pessoais.


O humor presente na obra de Machado não é apenas para entretenimento, mas serve como uma ferramenta para expor as contradições e hipocrisias da sociedade. Ele nos convida a refletir sobre nossas próprias ações e os verdadeiros motivos por trás delas. Será que estamos agindo de acordo com princípios morais genuínos ou estamos apenas encobrindo nossas falhas?


Para aqueles que apreciam uma leitura que desafia a percepção convencional da moralidade e da sociedade, "Esaú e Jacó" é uma obra imperdível. Explore mais profundamente essa fascinante narrativa e descubra por si mesmo a genialidade de Machado de Assis:


Capa de Resumo Por Capítulo: Esaú e Jacó

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