Capítulo 5
Mesmo após a sequência de contratempos causados pelas falhas nas modernidades do 202, do encanamento estourado, da falta de energia, do elevador emperrado, Jacinto insiste em adquirir novos equipamentos que teoricamente facilitariam sua vida, mas acabam por criar mais problemas.
Ao mesmo tempo em que acumulava mecanismos, o Príncipe da Grã-Ventura adquiria inúmeros livros que se infiltravam por toda a residência atrapalhando qualquer caminhada pelos seus corredores. Certa vez José Fernandes se desentende com alguns dos exemplares espalhados por sua cama e acaba adormecendo e sonhando com um mundo feito somente de livros e impressos.
O narrador passa algum tempo desprendido de Jacinto e de sua rotina: apaixona-se perdidamente por Madame Colombe, com quem convive por sete semanas. A mulher era “estúpida e triste”, mas se encaixava no que ele precisava: “apagava minha alegria na cinza da sua tristeza e afundava a minha razão na densidade de sua estupidez”. Nesse tempo, em que constantemente visitava a mulher em seu quarto, Zé Fernandes se desfez de todos seus bens em favor dela, até que não a encontrou mais. Caiu em desgraça, se embebedou, delirou, vomitou sua paixão, morreu e renasceu. Concluiu que sua experiência fora um padecimento resultante do contato com os vermes que habitam uma cidade que apodrece…
Após se libertar da paixão súbita, Zé Fernandes volta a dispensar atenção a Jacinto, que continua sob o mesmo padecimento: desgosto com o cotidiano e com a sociedade parisiense. Nem mesmo a aventura amorosa vivida por seu amigo lhe chama a atenção. José sugere uma mudança para o campo, em busca de novos ares, mas ele refuta a ideia imediatamente. Grilo, servo de Jacinto, considera que seu patrão “sofre de fartura”.